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3/29/2013

NÚMERO DE PARTOS PREMATUROS REGISTRADOS NO CEARÁ DOBRA

Em 2005, 5,4% dos partos foram prematuros. No ano passado, a quantidade passou para 12,4%
A falta de um pré-natal correto e o uso de drogas estão entre os fatores que contribuem para a prematuridade. De acordo com o diretor do Hospital César Cals, Eliezer Arraes, também há carência de assistência no planejamento familiar.
Engravidar é uma decisão que vem sendo tomada cada vez mais tarde pelas mulheres. Seja por motivos profissionais, afetivos ou financeiros, o fato é que elas estão adiando o momento da maternidade. Um dos reflexos desse novo comportamento está nas estatísticas, que apontam que houve uma redução do número de partos no Ceará.
Em 2005, foram 140.035 em todo o Estado, enquanto no ano passado, caiu para 124.040. Em contrapartida, o número de partos prematuros (antes de 37 semanas de gestação) no igual período praticamente dobrou. Passou de 7.584 (5,4%) em 2005, para 14.503 (11,7%) em 2012. Na Capital, o cenário é semelhante. Dos 38.905 partos que ocorreram em 2005, 6,4% (2.499) foram prematuros. Já em 2012, dos 34.427 registrados, 12,4% (4.263) foram prematuros, conforme a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Os índices são significativamente superiores aos nacionais. De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência de prematuridade no Brasil tem apresentado discreto aumento, passando de 6,7% em 2000, para 7,1% em 2010, o que corresponde a 204.299 nascidos vivos com menos de 37 semanas de gestação.
De acordo com estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 15 milhões de bebês nascem de forma prematura a cada ano no mundo. Mesmo em países desenvolvidos como Estados Unidos, Austrália, Japão e Canadá, as tendências ainda são ascendentes.

Como teve começo de eclâmpsia (pressão alta na gestação), a agricultora Ana Gislene Barroso da Silva, 30 anos, do município de Ocara, situado a 101 Km de Fortaleza, acabou tendo o seu filho com 28 semanas (6 meses de gestação). Por conta disso, o procedimento teve de ser realizado no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), na Capital. Ela ocupa um dos 21 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para prematuros da unidade.
Eliezer Arraes, diretor do Hospital César Cals comenta que, como a maioria dos municípios cearenses não estão capacitados para receber prematuros, grande parte vem para Fortaleza. Vários fatores contribuem para a prematuridade, dentre eles o parto em adolescentes e em mulheres acima de 35 anos.
No Ceará, chama atenção o alto índice de partos em adolescentes. Foram 25.996 no ano passado, o que corresponde a 21% dos nascidos vivos entre adolescentes (32.174). Enquanto, em Fortaleza, foram 6.727, o que representa 18% do total, segundo dados da Sesa.
Dentre os outros fatores que contribuem para a prematuridade, acrescenta Arraes, está o uso de drogas e o fato de a mulher não se cuidar, fazendo o pré-natal corretamente. "Não existe uma explicação muito científica para isso, parte de fatores como esses que citei", explica o diretor do César Cals. Para ele, falta assistência no planejamento familiar. "Não é muito comum do brasileiro programar a gravidez, por isso, grande parte das gestações ocorre de maneira inesperada. Se os jovens tivessem mais acesso à informação, diminuiria o risco de gravidez".
Cesáreos
Zenilda Bruno, médica obstetra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma que esse aumento do número de partos prematuros se deve à maior incidência de partos cesáreos no Estado e, também, porque muitos desses partos são de gemelares (gêmeos).
A alta incidência de infecção tanto urinária quanto vaginal é outro fator que contribui para o aumento de prematuros. Tem ainda a ocorrência de pressão alta na gravidez, principalmente em decorrência da má nutrição. "A prematuridade sempre aconteceu, mas porque a mulher não fazia o pré-natal. Hoje, a gente sabe que ela faz, mas nem sempre corretamente, até o fim".
Para evitar uma gravidez de risco, a especialista ressalta que a idade ideal para a mulher engravidar é dos 20 aos 30 anos. "O risco existe quando a mulher passa dos 30 anos, principalmente depois dos 35 anos. Existe ainda o risco de engravidar antes dos 18 anos, o que também contribui para a prematuridade", salienta. Zenilda afirma que a gravidez na adolescência vem diminuindo, mas muito lentamente.
Desde 2003, a gravidez entre as mulheres de 10 a 19 anos vem caindo. Passou de 673.045 em 2003, para 552.630 em 2010. A redução, segundo o Ministério da Saúde, está diretamente associada à ampliação do acesso a métodos contraceptivos na rede pública e farmácias conveniadas das farmácias populares, bem como ao fortalecimento das ações de planejamento familiar.
Fique por Dentro
Como evitar o nascimento antes do tempo?
A prematuridade iatrogênica - quando se agenda uma cesariana por supor que o bebê está maduro, mas ele nasce prematuro - é uma das grandes preocupações do Ministério da Saúde. O que assusta é o alto índice de casos nos hospitais privados em que as cesáreas são agendadas por conveniência.
Para evitar a prematuridade iatrogênica, o Ministério da Saúde sugere que, mesmo que seja programada uma cesárea desnecessária, a mãe espere entrar em trabalho de parto, pois esse seria um sinal de que o bebê está pronto para nascer.
FONTE: DN e LUANA LIMA
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