Dez das 12 bacias cearenses registraram aumento nos índices de precipitações. Reservatórios de água, porém, continuam em situação crítica ou muito crítica e nível médio não chega a 30%
Na região do Alto Jaguaribe, as chuvas de fevereiro, mês que dá início à quadra chuvosa, aumentaram em 213%, entre 2013 e 2014. Crescimento dos índices de precipitação foi registrado em mais nove bacias hidrográficas cearenses, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A curva ascendente, entretanto, ainda não conseguiu estabilizar o volume de água dos reservatórios, considerados em situação crítica ou muito crítica.
O maior volume armazenado atualmente, de 44,69%, foi registrado exatamente na bacia de Alto Jaguaribe, que exibe situação de alerta. Na bacia do Baixo Jaguaribe, onde as chuvas aumentaram em menos de 1 mm (considerando fevereiro), o volume atual de 7,28% é o menor do Estado, configurando condição muito crítica. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o volume médio dos 144 reservatórios monitorados pelo órgão não passa de 29,60%.
“O ideal é que a recarga em março e abril fizesse com que esse volume passasse para 35% ou 40%”, afirmou o diretor de operações da Cogerh, Ricardo Adeodato. Há cerca de 15 dias, conforme ele, houve um aumento de até 3% nessa média, resultado das precipitações do último mês. “Porém, sistematicamente, esse volume vem caindo. As chuvas não foram suficientes para fazer o contraponto à evaporação e ao uso múltiplo dos açudes”, acrescentou.
A demora em alcançar índices satisfatórios mesmo com o aumento das chuvas é explicada por uma sequência no abastecimento após a ocorrência de chuvas. Segundo Ricardo, quando começa a chover a água primeiramente aumenta o nível do lençol freático, para só depois encher os conhecidos cacimbões (poços artesanais). Os rios, então, começam a correr, o que contribui para abastecer as pequenas barragens nos leitos (conhecidos como barreiros). O caminho das águas terá fim nos pequenos reservatórios, que sangrarão e, enfim, aumentarão o volume dos açudes de médio e grande porte.
“Só poderemos avaliar a recarga das chuvas deste ano em junho, e só depois de analisar os reservatórios monitorados. E ainda tem mais uns 10 mil reservatórios pequenos e outros 100 mil barreiros”, avaliou Ricardo.
A Cogerh, de acordo com o diretor operacional, considera que 2014 será um ano de recarga zero nos açudes. A esperança para reverter o quadro de seca no Ceará está nos próximos anos. “Se você pegar qualquer região do mundo, não tem nenhuma que se sustente com cinco anos sem recarga”, concluiu.
Serviço
Funceme
Site:www.funceme.br
Telefone: 3101 1088
Saiba mais
Os índices de chuva registrados são dos meses de fevereiro entre anos de 2011 e 2014. A recarga atual dos reservatórios refere-se ao mês de março deste ano.
De acordo com o diretor de operações da Cogerh, Ricardo Adeodato, a classificação do volume de água nas bacias refere-se a reservatórios isolados.
Ainda conforme Ricardo, os açudes cearenses chegam a evaporar até 2,40 metros por ano. Ele garante que nenhum município cearense ficará sem nenhum tipo de abastecimento.
Fonte: O Povo, via Diassis Lira