O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República foi realizado na noite desta terça-feira e transmitido ao vivo pela TV Bandeirantes. O encontro, que contou com Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB), foi marcado por uma uma série de ataques e cobranças de coerência entre os presidenciáveis.

No encontro, realizado horas depois de a pesquisa Ibope mostrar um novo cenário nas eleições, Marina Silva não poupou seus principais rivais e fez duras críticas à gestão do tucano na área da educação no Vale do Jequitinhonha e alfinetou a presidente da República, afirmando que ela precisa de credibilidade, legitimidade e visão estratégica para gerir o Brasil.

Primeiro bloco
No primeiro bloco, os candidatos tiveram um minuto para apresentar suas propostas voltadas à redução da crimialidade no Brasil e ao fim do domínio das facções criminosas nos presídos.

Pastor Everaldo foi o primeiro a responder, pela ordem de sorteio, lembrando a morte de seu irmão, no ano passado, no Rio de Janeiro, vítima de bala perdida. ''Nossa proposta é criar um Ministério da Segurança Pública, capacitando as políticas de todos os estados''. '

Luciana Genro não respondeu à questão e atacou adversários: ''Quando o PT chegou ao poder, eu fui expulsa pelo José Dirceu e por outros dirigentes do partido. Estamos construíndo o PSOL porque não concordamos com o governo. Não concordamos também com a privataria tucana e com um candidato que constrói com dinheiro público um aeroporto para a própria família'', disse, em referência à polêmica envolvendo o candidato tucano Aécio Neves.

Marina Silva disse que queria apresentar uma mensagem de esperança, o desejo de mudança e de renovar a política. ''Temos um grave problema, 52 mil pessoas são mortas por ano em função da violência. Vamos garantir os meios para as polícias e combate ao crime e ao tráfico de drogas''.

Aécio Neves afirmou que a segurança pública é uma das áreas de maior demanda por ações. ''Governei MInas Gerais por oito anos e introduzimos inovações, unifcicamos as polícias Militar e Civil. Levei o estado à condição do que mais investe em segurança pública. Precisamos de política nacional de segurança que permita profunda e rápida reforma no Código Penal para que a sensação de impunidade seha minimizada''.
 A presidente Dilma Rousseff defendeu que os estados não devem atuar de forma descentralizada. Citou como exemplo a Copa do Mundo, onde foi adotada uma política de integração entre os órgãos. “A união dos Estados não pode mais agir de maneira fragmentada, porque o crime organizado age de forma muito forte”.

Levy Fidelix criticou o atual repasse à segurança, defendeu mudanças no atual Código Penal e anunciou que, se eleito, irá privatizar as prisões. “Dos mais de R$ 2 trilhões, apenas R$ 2 bilhões são destinados à segurança pública. Tem também a questão da maioridade penal. Precisamos também cuidar melhor das fronteiras com países muito amigos, muito "hermanos" do governo federal. E a minha ideia também é privatizar as prisões”

Eduardo Jorge declarou que o Brasil ''perde um Vietnã por ano em homicídios. Nós temos a emenda apresentada pelo senador Lindbergh que valoriza as polícias. A regulação das drogas ilícitas vai trazer um efeito positivo, vai esvaziar as penitenciárias e a polícia vai realmente tratar os crimes perigosos e que realmente fazem mal a sociedade''.
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Encontro na TV Bandeirantes, foi o primeiro entre os candidatos à Presidência da República
Segundo bloco 

A candidata Marina Silva abriu o segundo bloco e tom combativo e  dirigiu-se diretamente à presidente Dilma: ''Quando tivemos as manifestações de junho, você apresentou uma série de pactos para tentar atender às demadas. Nenhum funcionou. O que deu errado?

Dilma  afirmou que os pactos deram certo. ''Nós apresentamos 5 pactos, o primeiro foi pela educação. Por esse nós nos comprometemos a aprovar uma lei que destinava 75% dos royalties do petróleo para educação, nós aprovamos essa lei e ela é uma base para educação,. O Mais Médicos é uma realidade e fizemos o compromisso com a estabilidade econômica, e cumprimos, a inflação está sistematicamente reduzida. Fizemos o compromisso da reforma política, mas não foi aprovada no congresso, acho que deveria passar por uma consulta popular. Também fizemos compromisso com a mobilidade urbana, investimos milhões em metro, corredores e BRts''.

Dilma perguntou a Aécio sobre o desemprego: ''Que medidas impopulares o senhor irá tomar, além da redução do emprego e da redução do salário mínimo? O candidato do PSDB  respondeu: ''Eu tenho dito de forma clara que nós estamos preparados para fazer o Brasil voltar a crescer e gerar empregos de alta qualidade. O governo perdeu a capacidade de inspirar confiança por um conjunto de ações desastradas e desconexas, a grande verdade é que o governo do PT surfou nas reformas do presidente FH, mas a bonança acabou''.

Pastor Everaldo questionou Dilma sobre direitos humanos: ''Seu governo favorece a ditadura cubana, que não reconhece os direitos humanos. Manda dinheiro do trabalhador brasileiro para lá. A senhora acha que isso é justo com o trabalhador brasileiro?

Dilma frisou o relacionamento do Brasil com Cuba. "É muito mais positivo o relacionamento com Cuba, financiar empresas brasileiras, a construir um porto em Cuba. Hoje, o Brasil olha para toda a América Latina, toda a África e uma relação com os BRICS. Ao contrário do passado quando tínhamos 38 bi, hoje temos mais de 300 bilhões de reservas internacionais".
Na sequência, Eduardo Jorge questionou Aécio Neves a respeito da interrupção da gestação. Segundo o político, 800 mil mulheres são tratadas todos os anos como criminosas por adotarem tal procedimento.

Aécio afirmou que, apesar das posições divergentes entre os políticos em relação ao abordo, acredita que a atual legislação deve ser mantida, mas defende que haja cada vez mais informação, sobretudo a adolescentes de baixa renda, a respeito de anticoncepcional  e outras formas contraceptivas. “O drama de muitas jovens é a ausência de informação e apoio do setor público, é preciso que haja um esforço mais de informação e educação às jovens, mas em relação ao aborto eu prefiro manter a lei como ela está”.

Ainda no segundo bloco, o tucano aproveitou para alfinetar a adversária Marina Silva. ”A senhora tem falado muito sobre a nova política. Disse que não subiria no palanque de vários políticos, entre eles Geraldo Alckmin. Depois, disse que contaria com o apoio de José Serra, a quem recusou-se a apoiar em 2010. A senhora não acha que a nova política não precisa de coerência?”

Marina Silva voltou a defender a nova política e afirmou se sentir inteiramente coerente. ”Quando eu disse que não iria subir em palanques, eu mantive a coerência, porque não queria fortalecer os partidos da polarização. Quando eu digo que quero governar com os melhores, eu reconheço que há pessoas boas em todos os partidos, mas que os bons estão no banco de reservas. Vai tirar pessoas como Pedro Simon, Eduardo Suplicy. Se eu ganhar a presidência, o Serra não vai caminhar para o caminho mesquinho da oposição pela oposição. Como ao Bolsa Família, que o PSDB tem muita dificuldade em reconhecer. E da dificuldade do PT de reconhecer a volta da inflação. Me sinto coerente”.

Levy Fidelix também aproveitou o segundo bloco para travar um duelo com Marina Silva. O político afirmou que a ex-ministra tem relações muito íntimas com os bancos e questionou a posição da presidenciável à respeito da agropecuária.

Marina rebateu afirmando não ter preconceito contra a condição econômica de ninguém. “O problema do Brasil não é a elite, é a falta da elite. Temos que envolver as pessoas. É assim que eu quero governar, unindo o Brasil, com pessoas de bem de todos os setores. Com pessoas honestas e competentes”.

Frustrada por não ter respondido a nenhum questionamento na segunda rodada de perguntas, Luciana Genro aproveitou o encerramento do bloco para questionar o candidato Everaldo a respeito dos assassinatos de homossexuais por homofobia.

Everaldo afirmou que nunca teve preconceito e que nem tampouco foi responsável por nenhuma destas mortes. “Venho militando desde 1981, nunca discriminei ninguém, independente de sua raça, credo, religião, condição social”.
Terceiro bloco

No terceiro bloco do debate, os presidenciáveis responderam a perguntas de jornalistas convidados do programa. Na abertura, o jornalista Boris Casoy perguntou à presidente Dilma Rousseff se ela manterá ou mudará a política econômica.

Cautelosa, a presidente da República confirmou que o País enfrenta uma das mais graves crises internacionais, mas rebateu informando que em seu governo manteve o nível de emprego estável, em um momento em que o mundo inteiro desemprega.

”Nós criamos as condições para o novo ciclo de crescimento, nós investimos em infraestrutura e educação. A educação é o caminho para o futuro, significa não só a básica e tempo integral, mas ter acesso ao programa Ciencias sem Fronteiras, que coloca pessoas estudando no exterior”.
 
Na sequência, Aécio Neves desconstruiu o argumento da presidenciável, dizendo que "o sonho do brasileiro é morar na propaganda do PT", e questionou se é possível hoje comprar as mesmas coisas que se comprava meses atrás, argumentando que o Brasil precisa iniciar um novo ciclo de mudanças.
Dilma respondeu que Aécio "claramente desconhece a grave crise internacional", relacionou os avanços do governo petista e disse não ser possível fazer comparação entre o momento atual e o que ocorria no País há 12 anos.

Após o duelo entre o tucano e a petista, Marina Silva foi questionada a respeito da redução de ministérios, uma de suas propostas de governo. A presidenciável reiterou sua promessa de campanha, mas deixou claro que, apesar da diminuição, manterá pastas consideradas estratégicas.
“Essa história de gerência começou em 2010. Mas se olharmos para a história, as conquistas dos últimos 20 anos, não veio dessa ideia de visão estratégica de gerente. O Lula não foi gerente, foi um homem de visão estratégica. O FHC não é um gerente, é um acadêmico com visão estratégica. Hoje o Brasil vai ser entregue em condições piores do que quando foi entregue à presidente”.

Na sequência, Aécio Neves foi questionado a respeito dos cargos que hoje são indicações da máquina pública. O tucano afirmou que quando assumiu o governo de Minas Gerais reduziu em um terço as secretarias e enxugou cargos que eram comissionados. “Elegemos a Educação como prioridade. Chegamos ao final do mandato como melhor educação do Brasil. Na saúde caminhamos na mesma direção. A gestão não precisa ser ineficiente por ser pública. Desde que se tenha pessoas qualificadas”.

Questionado pelos jornalistas a respeito da manutenção do fator previdenciário, o pastor Everaldo destacou que tem um aposentado em casa, o seu pai, criticando esse fator, pois no seu entender achatou as aposentadorias. "Isso foi um desastre para os aposentados brasileiros, provocando defasagem nos salários, mas vamos trabalhar para recuperar as perdas dos aposentados do Brasil". Na réplica, Marina lamentou a realidade em que vivem os jovens e os idosos do Brasil, destacando que se mede a responsabilidade de um país pela forma com que ele cuida de seus jovens e idosos. "Estamos comprometidos para fazer uma correção e dar dignidade aos aposentados."
Neste bloco, a candidata do PSOL, Luciana Genro, criticou a política econômica do governo petista, dizendo que eles tentam controlar a inflação com a elevação da taxa de juros. "A política econômica da presidente Dilma tem gerado muito lucro para o setor financeiro, onde só os bancos ganham e a inflação não fica sob controle". E desafio a presidente a implantar o imposto sobre grandes fortunas. A candidata do PSOL falou que a maneira de baixar a inflação seria com a reforma agrária. "Defendo a demarcação imediata das terras indígenas com reforma agrária", disse.

Ainda no terceiro bloco, o candidato Eduardo Jorge foi confrontado por jornalistas a respeito das medidas que serão adotadas em seu governo para evitar problemas de corrupção. O candidato do PV afirmou não estar utilizando dinheiro de empresas para financiar sua campanha e cutucou o tucano, lembrando que o PSDB foi criado pelo parlamentarismo. “É uma reforma ampla que o PV quer fazer na política”.
Aécio rebateu às acusações do adversário e garantiu que todas as suas campanhas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de seu estado. “Tenho assumido como propostas essenciais as reformas políticas. Defendo o voto distrital misto e o fim da reeleição”, concluiu.

Ao término do bloco,Levy Fidelix, questionado sobre a independência do Banco Central, disse que o Brasil está falido, quebrado financeiramente. "Vamos fazer um auditoria fiscal com relação à dívida, caso contrário este País vai para o buraco", disse. Eduardo Jorge, do PV, afirmou que o Banco Central independente, proposta da coligação de Marina Silva, "é apenas um fetiche para favorecer os rentistas e aumentar os juros, beneficiando os banqueiros".
Quarto bloco 

No quarto bloco do programa, os candidatos voltaram a se confrontar diretamente. Levy Fidelix questionou o candidato do PSDB a respeito de suas propostas para o transporte sobre trilhos.

Aécio Neves afirmou ter uma enorme preocupação com a baixa qualidade da gestão das obras de mobilidade urbana e disse que em seu governo não haverá espaço para o projeto "bilionário" do trem bala. "Os investimentos em mobilidade devem atender o conjunto dos estados brasileiros, não interesses específicos. No meu governo não haverá trem bala. Governar é estabelecer prioridades  e eficiência com recursos públicos. 

Na sequência, o escândalo da Petrobras foi trazido ao centro do debate. Ao abordar os processos que a estatal enfrenta, o tucano perguntou a Dilma se não era hora de pedir desculpas ao povo brasileiro "pela má gestão de seu governo na estatal".

De forma bastante incisiva, a presidente rebateu as críticas a sua gestão e afirmou que o tucano estava mal informado, destacando que na gestão do PT, a empresa aumentou de valor e aumentou a produção com o pré-sal, ao contrário do que ocorreu no governo FHC. "Hoje, a estatal é considerada a maior empresa da América Latina e que passou de R$ 15 bilhões no governo tucano para R$ 110 bilhões na gestão petista.  
Aécio lembrou que as denúncias ao governo Dilma são extremamente graves e que a candidata não poderia se esquivar de apresentar as respostas. A petista lembrou que a investigação do caso está sendo conduzida por um órgão do governo, a Polícia Federal, que antes não tinha essa autoridade. “Nós nunca escondemos debaixo do tapete os crimes de corrupção. Nunca tivemos uma relação com o PGR que chamemos de engavetador geral da república”.

Ainda neste bloco, Marina defendeu controle da inflação, juros baixos e frisou: "Não podemos ter uma situação em que os que têm menos pagam mais." Para a candidata socialista, sua coligação tem o compromisso de não perder as conquistas econômicas já conquistadas, citando a manutenção do tripé macroeconômico. E voltou a dizer que, se eleita, pretende governar com as melhores cabeças e quadros de todos os partidos. Indagada pela candidata do PSOL, Luciana Genro, se iria governar com uma equipe econômica tucana, ela disse, mais uma vez, que não gostava de rótulos. Para Luciana, os três candidatos (Dilma, Aécio e Marina) são muito parecidos. "Para fazer uma nova política, é preciso contrariar interesses do capital financeiro", defendeu Luciana.
Na sequência, a candidata à reeleição pelo PT lembrou que o País precisará de muita energia elétrica para garantir o seu crescimento nos próximos anos. Ela aproveitou para questionar o candidato Everaldo a respeito das medidas que ele irá adotar para o setor.
Mantendo seu discurso de campanha, o presidenciável defendeu a adoção da iniciativa privada e defendeu o livre mercado e a livre concorrência para o setor de energia. “Nós precisamos usar todo o potencial hidrelétrico do país, todo o potencial de energia limpa, mas isso só será possível a hora que nós praticarmos o livre mercado e a livre concorrência, trazendo a iniciativa privada para esse setor que está amarrado. Vou passar tudo para iniciativa privada e o governo só cuidará da saúde e educação”.

Em resposta a Pastor Everaldo, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o país é um grande produtor de energia eólica. Porém, nem toda a energia gerada chega ao consumidor. Na sequência, Everaldo questionou a presidente das propostas de governo para a reforma tributária. Dilma esclareceu que em seu governo adotou um conjunto de desonerações, garantindo e ampliando a oferta de emprego, desonerando a folha de pagamento das empresas e diminuindo a quantidade de impostos.  
Quinto bloco

No quinto bloco, os presidenciáveis voltaram a responder aos questionamentos de jornalistas. Aécio Neves abriu esta segunda rodada sendo abordado sobre a criação dos conselhos de participação social, que o Congresso Nacional rechaçou, chamando-os de fóruns bolivarianos.  

No ponto de vista tucano, a democracia precisa de instituições sólidas. Por isso, apesar da importância da participação popular, o presidenciável teme pela formatação adotada pelo PT. “É algo que avilta um poder que deve ser independente e soberano, que foi eleito pela sociedade brasileira. Não se tem regras claras de como isso funcionará, e nem como será a autonomia. A nossa preocupação com esse decreto nos preocupa imensamente”, comentou.

Dilma rebateu: “é normal que o candidato Aécio diga isso porque sempre tiveram muito receio de participação social. Há um decreto que regulamenta os conselhos, garantindo que eles sejam tripartites, incluindo todos os setores da sociedade. E servem para consulta, não para decisão final, então não há motivo de preocupação”.

Na sequência, Marina Silva foi abordada, com comentário de Aécio Neves, de que setores a criticam em relação ao que chamam de radicalismo ambientalista e que alegam que sua postura é um empecilho para o desenvolvimento econômico. A presidenciável rebateu as críticas: “eu quero ter uma nova visão de desenvolvimento com cada vez menos uso de recurso natural, com mais produção  e produtividade”.

Considerado um dos temas mais polêmicos no governo Dilma, a contratação de médicos estrangeiros também foi levantada durante o debate. Na sequência do quinto bloco, a presidenciável foi questionada a respeito da diferença de remuneração entre médicos cubanos e os de outras nacionalidades.

Dilma voltou a defender que a adoção de profissionais estrangeiros foi necessária para suprir uma demanda que não era atendida na saúde pública. “O Mais Médicos mantém um padrão ético e correto. Tentamos os médicos brasileiros, não tinham voluntários, recorremos então a OPAS, e recebemos os médicos cubanos. Hoje, 50 milhões de brasileiros têm acesso a médicos. Perdemos a CPMF, mas estamos procurando outras fontes de financiar a saúde. Eu considero uma das áreas mais importantes a serem investidas”.

Marina Silva rebateu o depoimento da presidente do PT: “a melhor coisa para se resolver os problemas é reconhecer que o problema existe. O Mais Médicos é, sem sombra de dúvida, um programa paliativo”. Em resposta à candidata do PSB, Dilma negou que o programa fosse uma medida paliativa e justificou: “não poderíamos esperar formar médicos para atender a população carente”.

Os programas assistencialistas também foram tema do debate. O Pastor Everaldo garantiu que em seu governo eles serão mantidos. “Em 1999 implantei o primeiro Bolsa-Família no Brasil, no Rio de Janeiro, 70% das pessoas que receberam aquele cheque, foram ao mercado fazer compra de R$ 100. Tinha a obrigatoriedade de matricular as crianças. O melhor programa social é aquele que você pode capacitar. Nós temos que capacitar o cidadão até ele tenha seu próprio salário e um dia pare de receber o benefício”, comentou.

Aécio Neves também garantiu a manutenção dos atuais programas de transferência de renda. “O Poupança Jovem é uma alternativa nova, na direção oposta do assistencialismo. Permite que o governo deposite uma poupança ao jovem, para competir com o tráfico e com o crime. Evita a evasão escolar”.

Com comentário de Marina Silva, a candidata Luciana Genro foi questionada a respeito da implantação do criacionismo na grade curricular das escolas brasileiras. Considerada absurda, a proposta foi rechaçada pela presidenciável. “É preciso investir na educação e levar para a escola o principal debate da atualidade: a guerra às drogas. Dentro das escolas, deveriam se discutir o uso da maconha, ao invés de ensinar criacionismo. Deveria inclusive, discutir o uso e a descriminalização da maconha”.

Marina rebateu esclarecendo que a questão do ensino religioso foi resolvida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. “Eu tive 16 anos de atividade parlamentar e ninguém nunca me viu apresentar um projeto defendendo o criacionismo”.

Ao término do quinto bloco, Levy Fidelix foi questionado sobre a adoção de mudanças na legislação penal. “A população não está de acordo com essa violência onde morre mais de 50 mil pessoas por ano. A segurança é ineficiente. Temos que fazer uma reforma também do conceito de segurança do país. A polícia tem que ter uma melhor remuneração. O recado foi dado no ano passado, se continuarmos como estamos podemos ir ao calabouço”.

Confronto após pesquisa

A apresentação do primeiro confronto na TV entre os presidenciáveis ficou a cargo do jornalista Ricardo Boechat e foi a primeira oportunidade da candidata Marina Silva (PSB), que substitui Eduardo Campos, morto em acidente aéreo, em Santos, confrontar seus adversários.

O debate ocorreu horas após a pesquisa Ibope encomendada pelo Estadão e Rede Globo mostrar um novo cenário nas eleições. Pelo levantamento, no primeiro turno, Dilma aparece com 34% das intenções de voto ante 29% de Marina, o que representa uma diferença fora da margem de erro máxima de 2 pontos porcentuais. Aécio Neves soma 19%. Mas, no caso de um segundo turno, a candidata do PSB venceria o pleito com 45% dos votos,  contra 36% da petista.

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No levantamento anterior do Ibope, feito entre 3 e 7 de agosto, quando o cenário considerava Eduardo Campos como candidato do PSB, Dilma tinha 38% das intenções de voto, Aécio, 23% e Campos, 9%.

Já na primeira pesquisa a incluir Marina Silva como candidata, feita pelo Datafolha entre 14 e 15 de agosto, a ex-senadora aparecia com 21%, empatada tecnicamente com Aécio, com 20%. Dilma tinha 36% das intenções de voto. Brancos e nulos eram 8% e indecisos, 9%.
* Fonte:A Tribuna